DEPRESSÃO TÁ NA MODA


Os dias vão passando e você passa a perceber que não tem mais aquele ânimo que tinha antigamente. Isso é tristeza ou depressão? Isso é a rotinas da vida que faz com que tudo perca seu brilho inicial, e passa a incomodar pela sua mesmice? Enfim, quando somos arrebatados por essa sensação logo começamos a pensar em diversas razões para tentar explicar e entender tal condição. O fato é que quase nunca conseguimos explicação satisfatória. E aí então vamos ao médico.

Para o médico a depressão consiste em desarranjos da química em seu cérebro e isso precisa ser sanado com remédios (farmacoterapia). Muitos criticam os médicos por terem uma visão simplista das condições mentais de um indivíduo e de entupirem as pessoas de remédios, mas essa é a tarefa deles: tratar os pacientes com remédios e isso, bem ou mau, funciona. E é isso que esperamos dos médicos: que sejam rápidos e efetivos.

4 comentários

  1. Muito bom, parabens gostei. mas pra mim felicidade é um estado de espirito, nao necessariamente precisamos ter. basta estar em paz conosco e com o proximo, o ter vai ser consequencia do ser.

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  2. Grande texto Luís. Parabéns! Gostaria de convidá-lo para uma discussão. Poderíamos olhar para os estados depressivos tão comuns hoje na sociedade com um olhar Kleiniano das posições Esquizo-paranóide e posição depressiva? Não seria a tal felicidade tão desejada pelas pessoas hoje em dia uma perpetuação de um estado esquizo-paranóide onde só é visto um vértice da verdade, ou seja, o vértice do “lado bom” da vida, enquanto o momento de depressão citado também seria uma posição esquizo-paranóide onde o indivíduo também só vê o “lado ruim” da vida? É comum ver indivíduos que dizem viver num estado de completa felicidade (quase loucos em minha opinião), e outros (talvez os depressivos) em um estado de completa tristeza, mas talvez a saída para o problema desse indivíduo seja pelo menos ver alguns vértices da verdade do “lado bom” e do “lado ruim” da vida juntos, e assim entrar no estado dito por Klein como depressivo, pois a verdade nunca é somente agradável. Mas é claro que é necessário muitos anos de análise para se conseguir chegar a um ponto assim. Grande abraço Luís!

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    1. Renan, obrigado pelo comentário.
      Não sei se podemos equiparar posição EP com “lado bom da vida” e posição MD com “lado ruim da vida”. Esses termos constituem um conjunto teórico de ansiedades e defesas que definem um padrão de relação (objeto / pessoa). Ambas posições possuem ansiedade (na EP é persecutória, na MD é maníaca).
      Creio que essa oscilação ocorre, por exemplo, no consumismo, em que se compra num estado EP e depois se culpa num estado MD. Posição MD nem sempre é ruim, por exemplo quando o bebe acaba de mamar e fantasia a “perda do objeto total mãe”. Na verdade Renan, acho que pra Melanie Klein não há “lado bom da vida”, hehehe… nem pra psicanálise.
      Vou deixar a questão em aberto porque, como se viu, não tenho tanta intimidade com conceitos Kleinianos embora sejam sensacionais.
      Obrigado

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  3. Ótimo Luis! De fato, eu também não sou profundo conhecedor dos conceitos Kleinianos, pelo contrário, talvez o pouco que sei é devido à algumas poucas leituras e discussões com Professor Alcides. Mas de fato, eu concordo com você na questão de que a posição depressiva não está relacionada ao “lado ruim” da vida e a posição EP com o “lado bom da vida”, pois o que eu disse no meu comentário foi que talvez o que torne o indivíduo depressivo por completo ou feliz por completo (se é que se pode dizer isso) é a aquisição de apenas uma parte da verdade última (O), o que constitui a posição esquizo-paranóide. Ao contrário disso, um indivíduo em posição depressiva não vai apenas apreender o “lado ruim” da vida, mas sim uma parcela mais fidedigna da realidade em que ele vive. A terminologia “lado bom” e “lado ruim” foi usado por mim apenas para ilustrar um pouco mais nossa discussão, que na verdade é a relação objeto/pessoa que você mesmo citou. Vou usar um exemplo dado pelo próprio Professor Alcides que me deu uma boa idéia sobre essa questão. Um analista durante a sessão vai iniciá-la em uma posição esquizo-paranóide, pois ao começar a ouvir as pertubações de seu analisando pode logo se sentir perseguido por não entender o que seu paciente trouxe para a sessão, e então por não aguentar essa sensação persecutória vai recorrer à defesas maníacas. Pode então criar uma interpretação qualquer a fim de eliminar o estado de tensão criado pelo não saber, dá-la ao paciente e se sentir convencido de que é o melhor analista do mundo (onipotência, que constitui uma defesa maníaca), o que seria literalmente um péssimo trabalho. Agora se ele aguentar o não saber e a posição EP, pode então no decorrer da sessão e do tratamento ficar numa posição depressiva, onde ele pode então ver, mesmo que pouco, mas algumas parcelas da verdade que constitui o sofrer de seu analisando, podendo então ajudá-lo. Em fim, tentei esboçar de forma simples o pouco que sei sobre essa grande psicanalista e espero que possamos prolongar nossa discussão Luís, pois é sempre um grande prazer falar sobre psicanálise com você! Grande abraço!

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