COMO ENTENDER JAIR BOLSONARO?


 O conflito do homofóbico é que a homossexualidade deve ser eliminada do planeta porque a homossexualidade lhe é tentadora, convidativa e perturbante.

Jair Bolsonaro é um dos mais polêmicos deputados. Seja lá o que essa palavra “polêmico” signifique neste caso, creio que é melhor o rotularmos apenas disso visto a grande capacidade que esse senhor tem de promover discussões passadistas, irracionais e fantasiosas.


Os objetivos do “Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais” (que Bolsonaro chama simplesmente de Kit-Gay) são (1) Promover os direitos fundamentais da população LGBT brasileira, de inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, dispostos no art. 5º da Constituição Federal; (2) Promover os direitos sociais da população LGBT brasileira, especialmente das pessoas em situação de risco social e exposição à violência; (3) Combater o estigma e a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero (veja o documento na integra aqui).

Podemos perceber que o programa visa terminar com violências e preconceitos dirigidos a minoria LGBT, e garantir direitos humanos fundamentais. Apenas isso.

Mas para Jair Bolsonaro o programa vem incitar crianças a se tornarem homossexuais. Isso é verdade?

Sabemos pela psicanálise e pela nossa experiência de vida que incentivo pode não ser fator fundamental de alguma escolha. Por isso vemos pessoas – que foram criadas sob um ambiente repressor, cheio de normas e preconceitos – serem homossexuais. Assim como uma pessoa criada por uma família católica, pode vir a ser protestante ou mesmo um ateu. Por mais que incentivemos nossos filhos a ser um médico, não podemos garantir que ele, no futuro, não opte por ser um advogado ou carpinteiro. Na verdade, na maioria das vezes acontece o contrário: quanto mais incentivamos tal atitude mais ela tende a ser desobedecida. Podemos concluir uma coisa: a influência não é direta, ela passa por caminhos “não lógicos” no psiquismo de cada indivíduo e, portanto, não pode determinar um comportamento específico de maneira infalível.

Bolsonaro diz que seus filhos foram muito bem educados e que, portanto, jamais se tornariam gays, ou se relacionariam de maneira promíscua. Na mente de Bolsonaro certos preceitos de “boa educação” e “boa conduta” e de “moralidade normal” são formados por influência direta de uma instituição poderosa que dita as leis, as normas.  Assim, o pai está para o filho assim como o estado está para a sociedade. Claro, Bolsonaro vem de um ambiente militar em que essa estrutura hierarquizada, rígida e paternalista dá certo.

Outra questão é porque as leis são feitas? Porque precisamos criar uma lei contra a homofobia? Quero que o leitor me responda se faria sentido criarmos uma lei que proibisse as pessoas de darem piruetas em locais públicos? Creio que a resposta seja não. De fato, ninguém tem desejo desenfreado de dar piruetas em locais públicos e isso, portanto, não precisa ser regulado. Então, uma lei é criada onde o desejo humano se expressa. A lei vem no sentido de barrar, reprimir certo desejo humano. No caso da homofobia, um desejo de aniquilar quem gosta de pessoas do mesmo sexo.

A questão é mais ampla. Penso que todo ser humano tem um desejo de aniquilar tudo que não lhe é semelhante, e por isso necessitamos criar mecanismos legislativos que coíbam essa prática. O homofóbico vê no gay algo que o incomoda, e deseja eliminar isso do mundo. O conflito do homofóbico é que a homossexualidade deve ser eliminada do planeta porque a homossexualidade lhe é tentadora, convidativa e perturbante.

5 comentários

  1. Na minha opniao, nessa discussão todos estao errados, ninguem esta disposto a tolerar o outro.Pra começar dos politicos, sao muito ignorantes criam leis por causa propria.Politico tem que ser politico, governar para o povo, é um tal de eleger medico pra defender medico, policia para ver as causas da militares, mané da padaria pra defender os padeiros. E agora temos os homossexuais pra defender a classe tambem, elegemos pessoas sem o mínimo de capacidade pra representar uma naçao.Pra mim politico deveria ser bom administrador, economista ou pelo menos ter um curso de geografia pra conhecer seu país. A respeito da lei, esse deputado ai é bem exagerado mesmo mas, eu penso que vai chegar um dia que seremos descriminados por sermos heterossexual, branco e rico(desses sou somente hetero).É triste fazer leis pra determinados grupos de pessoas, elas deveriam ser pra todos.

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  2. Achei o texto fantástico, estou repassando para o maior numero de pessoas e postando no meu face. Fantástica a argumentação!

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